Noções sobre Contabilidade Rural

As empresas rurais conforme Marion (2005, p. 24), são “aquelas empresas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos”.

Na definição de Crepaldi (1998, p. 23) a “Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

As atividades desempenhadas pelas empresas rurais são divididas por Marion (2005, p. 24-25) em: agrícolas, zootécnicas e agroindustriais que comportam os seguintes cultivares:

  • Atividade agrícola

  • Culturas hortícolas e forrageira:

  • Cereais (feijão, soja, arroz, milho, trigo, aveia…);

  • Hortaliças (verduras, tomate, pimentão…);

  • Tubérculos (batata, mandioca, cenoura…);

  • Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta…);

  • Especiarias (cravo, canela…);

  • Fibras (algodão, pinho…);

  • Floricultura, forragens, plantas industriais…

  • Arboricultura:

  • Florestamento (eucalipto, pinho…);

  • Pomares (manga, laranja, maçã…);

  • Vinhedos, olivais, seringais etc.

  • Atividade zootécnica (criação de animais)

  • Apicultura (criação de abelhas);

  • Avicultura (criação de aves);

  • Cunicultura (criação de coelhos);

  • Pecuária (criação de gado);

  • Piscicultura (criação de peixes);

  • Ranicultura (criação de rãs);

  • Sericicultura (criação do bicho-da-seda);

  • Outros pequenos animais.

  • Atividade agroindustrial

  • Beneficiamento do produto agrícola (arroz, café, milho);

  • Transformação de produtos zootécnicos (mel, laticínios, casulos de seda);

  • Transformação de produtos agrícolas (cana-de-açúcar em álcool e aguardente; soja em óleo; uvas em vinho e vinagre; moagem de trigo e milho).

Já Crepaldi (1998 p. 85-86) apresenta a classificação dessas atividades em agricultura, pecuária, extração e exploração vegetal e animal, além de transformação de produtos agrícolas ou pecuários. Em relação às transformações dos produtos rurais, afirma que estas não devem alterar a composição e as características do produto in natura, pois se assim ocorresse, seria puramente industrialização. Essa observação tem relação com o aspecto tributário das atividades rurais que será tratada adiante.

  • A PECUÁRIA

A pecuária, tal como a agricultura, sempre esteve entre as principais atividades do setor rural brasileiro e foi através dela que se avançou cada vez mais rumo ao interior. Precisa-se, porém, desmistificar o termo pecuária, pois este não se aplica apenas à criação de gado bovino. Neste propósito, Crepaldi (1998, p. 197) afirma que o termo pecuária aplica-se também a outros criatórios:

Quando se refere às atividades da pecuária, logo se faz associação com gado vacum (bois e vacas); entretanto, elas se referem à criação de gado em geral, ou seja, animais que vivem em coletividade (rebanho), quer sejam bois e vacas, búfalos, carneiros, ovelhas e, entre outros, as aves que incluem frango, pato marreco, faisão, peru etc.

 A compreensão do termo pecuária, no seu sentido amplo, é muito importante, evitando-se, assim, estranhamento quando este referir-se aos demais criatórios que a compõem.

É necessário frisar que, por sua relevância, a pecuária, em sentido restrito (criação de bois e vacas) é preponderante na literatura existente. Entretanto, há necessidade de maiores estudos, na área contábil, em relação às demais culturas da pecuária, principalmente: frango e suíno, culturas que o Brasil ocupa a primeira e a terceira posição, respectivamente, como exportador (carnes) – Dados da CNA relativos ao ano de 2006.

Marion (2005, p. 106) afirma que existem três tipos de atividades na pecuária bovina, vejamos:

  1. Cria: a atividade básica é a produção de bezerros que só serão vendidos após o desmame. Normalmente, a matriz (de boa fertilidade) produz um bezerro por ano.

  2. Recria: a atividade básica é, a partir do bezerro adquirido, a produção e a venda do novilho magro para a engorda.

  3. Engorda: a atividade básica é, a partir do novilho magro adquirido, a produção e a venda do novilho gordo.

 A pecuária pode, também, dedicar-se à produção de leite (vacas – cabras), dessa forma, uma variante da função cria, só que, com foco na produção leiteira. Valorizando-se mais as crias fêmeas, tendo em vista a atividade fim, produção leiteira.

CREPALDI (1998) diz que no Brasil o rebanho bovino é explorado com finalidade de produzir leite ou com destino ao corte. Afirma, ainda, que a produção de leite vem em primeiro lugar e que “machos leiteiros” ou bezerros, por não receber nenhum tratamento especial, têm o seu desenvolvimento atrasado, levando de quatro a cinco anos para produzir um animal para abate com 15 a 16 arrobas. Tal realidade vem aos pouco sendo modificada, pois, já há o uso de tecnologia genética e que implicou em melhoramento do rebanho nacional.

Demonstrar tal realidade em termos contábeis passa a ser um objetivo a ser perseguido pelos profissionais dedicados à Contabilidade Rural (agropecuária), que, pelos poucos estudos existentes, precisam desvelar tal realidade e para isso deve valer-se dos instrumentos emanados dessa Ciência para a consecução deste objetivo.

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